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Histórico

DEPOIMENTO: Egídio Turchi

Eram as Faculdades de Filosofia, seja sob o modelo da USP ou como o dos Institutos Centrais de Brasília, verdadeiros focos de fermentação social contra o tradicionalismo e a estagnação. Isto, talvez, faça compreender o porquê de tanta celeuma.

O Magnífico Reitor, Dr. Colemar Natal e Silva, cansado de tantas promessas e delongas, resolveu avançar o sinal, amparado pelo artigo 122 do Estatuto da Universidade, que permitia a criação e o funcionamento de cursos próprios da Faculdade de Filosofia, provisoriamente, em outras unidades.

Na sessão ordinária de 25 de setembro de 1962, o Conselho Universitário permitiu o funcionamento da Faculdade, antes mesmo do Decreto de criação, da competência do Presidente da República.

Guardo em meu arquivo particular o inteiro teor daquela corajosa reunião que não só aprova como define a nova Faculdade – força unificadora do ensino básico da Universidade e não agência incolor de diplomação.

Após a resolução de 25 de setembro de 1962, o Magnífico Reitor Colemar Natal e Silva tomou imediatamente as medidas preliminares para tornar efetiva a criação.

Foram convidados alguns professores para, provisoriamente, até à época do concurso, trabalharem na estrutura da nova Faculdade e, ao mesmo tempo, foi constituída uma Comissão composta pelos Professores Egídio Turchi, Orlando de Castro e Floracy Amaral Rebouças, para divulgar o acontecimento, tendo em vista os próximos exames vestibulares. Coube ao Prof. Genesco Ferreira Bretas a tarefa de preparar o Regimento da Nova Faculdade.

Percorremos os colégios de Goiânia e, após alguns dias de intensa propaganda, começamos cursos preparatórios par aos exames vestibulares da nova Faculdade no Instituto França à Rua 29 – Centro.

A reação foi mais violenta do que era lógico esperar, o próprio Conselho Universitário se assustou diante das críticas generalizadas. Publicou-se nos jornais que não havia verbas para a abertura de novos cursos, que não era esta a forma de criar uma nova Faculdade, que não sendo legal, seus diplomas não teriam valor e os alunos perderiam seu tempo. E eis que, no dia 14 de novembro de 1962, o Diário Oficial da União publicou o Decreto de criação da nova Faculdade. Reuniram-se no Gabinete do Magnífico Reitor os professores Egídio Turchi, Atico Frota Vilas Boas da Mota, Gilberto Mendonça Teles, Genesco Ferreira Bretas, Celenita Amaral Turchi, Genesy de Castro e Silva, Moema de Castro e Silva Olival, Floracy Amaral Rebouças e o futuro Secretário Sérgio Dias Guimarães. Foi a primeira reunião de professores da Faculdade de Filosofia.

Se a resolução de 25 de setembro do Conselho Universitário foi o primeiro passo, se o Decreto de 08 de novembro deu-lhe sanção legal, aquela reunião representou, para nós, o momento em que a Faculdade começou a existir de fato. À noite, com os alunos do Curso Preparatório em funcionamento há mais de um mês, houve uma grande festa de comemoração e regozijo.

No dia 14 de novembro, nos primeiros anos, era festejado solenemente o aniversário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFG.

Em 17 de dezembro de 1962, foram realizados os exames vestibulares e, em fevereiro de 1963, a 2.ª época.

Inicialmente, funcionaram apenas 4 cursos: Letras, Pedagogia, Matemática e Física. As aulas começaram no dia 04 de março de 1963. A administração, no primeiro ano, era assim constituídas:
Diretor – Egídio Turchi
Vice-Diretor – Atico Frota Vilas Boas da Mota
Primeiro Secretário – Sérgio Dias Guimarães
Primeira e única funcionária durante o ano de 1963 – Maria Amélia Silva.

Corpo Docente da Faculdade de Filosofia no primeiro ano de funcionamento:
Letras:
Ático Frota Vilas Boas da Mota – Espanhol
Celenita Amaral Turchi – Italiano
Egídio Turchi – Latim
Genesy de Castro e Silva – Literatura Francesa
Gilberto Mendonça Teles – Literatura Brasileira
Gudrum Rademacher – Alemão
Helena Mascarenhas Falluh – Inglês
Pe. José Pereira de Maria – Cultura Brasileira
Louvercy Olival – Lingüística
Maria França Gonçalves – Gramática Francesa
Maria Helena de Souza – Inglês
Mário Carmo da Costa – Inglês
Moema de Castro e Silva Olival – Língua e Filologia Portuguesa
Neide de Faria – Francês Prático
Robinete Sant’Ana – Inglês
Waldir Luís Costa – Literatura Portuguesa

Eram as Faculdades de Filosofia, seja sob o modelo da USP ou como o dos Institutos Centrais de Brasília, verdadeiros focos de fermentação social contra o tradicionalismo e a estagnação. Isto, talvez, faça compreender o porquê de tanta celeuma.

O Magnífico Reitor, Dr. Colemar Natal e Silva, cansado de tantas promessas e delongas, resolveu avançar o sinal, amparado pelo artigo 122 do Estatuto da Universidade, que permitia a criação e o funcionamento de cursos próprios da Faculdade de Filosofia, provisoriamente, em outras unidades.

Na sessão ordinária de 25 de setembro de 1962, o Conselho Universitário permitiu o funcionamento da Faculdade, antes mesmo do Decreto de criação, da competência do Presidente da República.

Guardo em meu arquivo particular o inteiro teor daquela corajosa reunião que não só aprova como define a nova Faculdade – força unificadora do ensino básico da Universidade e não agência incolor de diplomação.

Após a resolução de 25 de setembro de 1962, o Magnífico Reitor Colemar Natal e Silva tomou imediatamente as medidas preliminares para tornar efetiva a criação.

Foram convidados alguns professores para, provisoriamente, até à época do concurso, trabalharem na estrutura da nova Faculdade e, ao mesmo tempo, foi constituída uma Comissão composta pelos Professores Egídio Turchi, Orlando de Castro e Floracy Amaral Rebouças, para divulgar o acontecimento, tendo em vista os próximos exames vestibulares. Coube ao Prof. Genesco Ferreira Bretas a tarefa de preparar o Regimento da Nova Faculdade.

Percorremos os colégios de Goiânia e, após alguns dias de intensa propaganda, começamos cursos preparatórios par aos exames vestibulares da nova Faculdade no Instituto França à Rua 29 – Centro.

A reação foi mais violenta do que era lógico esperar, o próprio Conselho Universitário se assustou diante das críticas generalizadas. Publicou-se nos jornais que não havia verbas para a abertura de novos cursos, que não era esta a forma de criar uma nova Faculdade, que não sendo legal, seus diplomas não teriam valor e os alunos perderiam seu tempo. E eis que, no dia 14 de novembro de 1962, o Diário Oficial da União publicou o Decreto de criação da nova Faculdade. Reuniram-se no Gabinete do Magnífico Reitor os professores Egídio Turchi, Atico Frota Vilas Boas da Mota, Gilberto Mendonça Teles, Genesco Ferreira Bretas, Celenita Amaral Turchi, Genesy de Castro e Silva, Moema de Castro e Silva Olival, Floracy Amaral Rebouças e o futuro Secretário Sérgio Dias Guimarães. Foi a primeira reunião de professores da Faculdade de Filosofia.

Se a resolução de 25 de setembro do Conselho Universitário foi o primeiro passo, se o Decreto de 08 de novembro deu-lhe sanção legal, aquela reunião representou, para nós, o momento em que a Faculdade começou a existir de fato. À noite, com os alunos do Curso Preparatório em funcionamento há mais de um mês, houve uma grande festa de comemoração e regozijo.

No dia 14 de novembro, nos primeiros anos, era festejado solenemente o aniversário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFG.

Em 17 de dezembro de 1962, foram realizados os exames vestibulares e, em fevereiro de 1963, a 2.ª época.

Inicialmente, funcionaram apenas 4 cursos: Letras, Pedagogia, Matemática e Física. As aulas começaram no dia 04 de março de 1963. A administração, no primeiro ano, era assim constituídas:
Diretor – Egídio Turchi
Vice-Diretor – Atico Frota Vilas Boas da Mota
Primeiro Secretário – Sérgio Dias Guimarães
Primeira e única funcionária durante o ano de 1963 – Maria Amélia Silva.

Corpo Docente da Faculdade de Filosofia no primeiro ano de funcionamento:
Letras:
Ático Frota Vilas Boas da Mota – Espanhol
Celenita Amaral Turchi – Italiano
Egídio Turchi – Latim
Genesy de Castro e Silva – Literatura Francesa
Gilberto Mendonça Teles – Literatura Brasileira
Gudrum Rademacher – Alemão
Helena Mascarenhas Falluh – Inglês
Pe. José Pereira de Maria – Cultura Brasileira
Louvercy Olival – Lingüística
Maria França Gonçalves – Gramática Francesa
Maria Helena de Souza – Inglês
Mário Carmo da Costa – Inglês
Moema de Castro e Silva Olival – Língua e Filologia Portuguesa
Neide de Faria – Francês Prático
Robinete Sant’Ana – Inglês
Waldir Luís Costa – Literatura Portuguesa

Mas, estes marcos não foram tão importantes para a transformação do mundo ocidental quanto as rajadas de sons e slogans que se espalharam pelo mundo de 1960 a 1970. A palavra humana já é de per si uma arma terrível, mas quando ela vem envolvida em sons, então ela se torna irresistível.

As revoluções e as guerras são fatos que tentam separar o bem do mal, o justo do injusto, o forte do fraco. Mas a revolução desencadeada na década de 60, por jovens de todas as raças, de cabelos compridos, de saias curtíssimas, de roupas descoloridas ou coloridas demais, hippies, beatles, separou definitivamente o velho do novo, o passado do futuro.

Portanto, ainda hoje, nós professores e ex-alunos da Faculdade de Filosofia daquela época sentimos um certo orgulho de ter entrado na luta pelas reformas, ter cooperado, de alguma forma para o renovação da Universidade, inserindo-nos a tempo e hora, na esteira de fecundas experiências.

Falhamos em nosso propósito?
A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras não falhou no plano original de sua concepção porque este jamais foi executado. Falhou nas evidentes distorções que se lhe impuseram pela força da rotina e ao sabor dos interesses em choque. Falhou, sobretudo, como acabaram falhando os Institutos que substituíram a Faculdade de Filosofia, porque a escola é um espelho da sociedade – é difícil que uma escola funcione quando nada ou quase nada funciona – a situação calamitosa do pais não permite a excelência de suas universidades.

A inúmeros problemas nós devemos soluções de emergência, a outros, soluções inadequadas.

Nossos alunos dos primeiros tempos lutavam pela participação estudantil nos colegiados, hoje que a conseguiram, não comparecem às reuniões. Alunos e professores suspirávamos por prédios, bibliotecas, recursos áudio-visuais, salões para conferências, quadra de esportes. Hoje temos até mais do que podíamos sonhar naquele tempo, mas estamos longe da perfeição e mesmo da eficiência razoável. Há ainda muitas outras conquistas a fazer, novas reformas a experimentar.

As Faculdades e os Institutos são sempre jovens, são como as árvores que se revestem de novas folhas e flores em cada primavera; renovam-se constantemente, desde que não lhes falte a seiva das idéias para adequá-las ao tempo. A Universidade está em crise e deve sempre estar em crise, porque crise não é doença, crise é vida, é reação ao continuísmo, é vitalidade. Nossa Universidade, apesar dos seus 29 anos, está na infância, é hora de provocar-lhe a crise da adolescência.

Poderia encerrar aqui meu depoimento sobre os primeiros tempos da Faculdade de Filosofia, porém, minha condição de “velho” professor me dá o direito e me impõe o dever de arvorar-me em conselheiro dos que, cheios de esperança, se preparam no Curso de Letras para o magistério. Neste fim de século, cujo primeiro quartel conheci, só nos resta a esperança de que a juventude reconheça seu papel e se disponha a começar de novo do zero, ou mais atrás. Está na hora de repudiar categoricamente os velhos objetivos da educação que tantos frutos amargos produziram para a humanidade e substituí-los por outra perspectiva diferente ou oposta.

Toda sociedade deseja transmitir a seus filhos aquela educação, aqueles ensinamentos morais, cívicos e religiosos que lhes permitam perpetuar-se.

O Estado, como diz a própria palavra, significa estabilidade, firmeza. A família, célula do Estado, tem como base a tradição e o desejo de perpetuar o culto do passado, consubstanciado até nos nomes e no orgulho dos ancestrais.

Mas, em se tratando de traçar rumos para a juventude, neste fim de século e começo do outro, teremos nós a coragem de propor para eles o nosso modelo de vida, como sendo o mais adequado à sua felicidade? Ai deles se tiverem que repetir e copiar nossos erros, esperanças frustradas, desesperos, injustiças e angústias.

Estamos no mundo, há milênios, amontoando experiências, destruindo e reconstruindo civilizações. Parece até que não há mais nada que possa ser experimentado, após tantos séculos de violência, arte, filosofia, crença, justiça e milênios de destruição e sangue. Falta talvez a última experiência, a mais difícil e radical: educar com amor, para um amor generoso, preparando os jovens a serem agentes do progresso social.

O homem será verdadeiramente humano, quando for educado para viver, não para ganhar dinheiro; para compartilhar todos os momentos das pessoas e não para dominá-las; para amar seus semelhantes e não para usá-los.

Até hoje, todas as escolas somente sabem ensinar aos jovens, direta e indiretamente, que só é vitorioso na vida aquele que, de alguma forma, segue o caminho que leva à riqueza e ao poder.

A estrutura de nossa sociedade competitiva se fundamenta na fórmula aceita por todos, nunca contestada, ensinada na família e na escola e, sobretudo, vivida nos exemplos, do dia-a-dia – levar vantagem, sobrepor-se aos outros, subir sempre e a qualquer custo.

Insistimos demais em transformar nossos filhos em vitoriosos, ao querer que vençam no esporte, nos estudos, nas conquistas, na política, enfim, na vida. A preocupação maior dos pais é ver seus filhos bem estabelecidos na carreira, sem conscientizá-los de que precisam subir sem pisar nos outros, realizar-se sem violência, sem fraude e sem injustiça.

Para destruir o egoísmo competitivo, alicerce da educação atual, será preciso criar, no mais profundo do ser humano, uma nova fonte de energia, um novo coração movido a amor. Educar os jovens para serem generosos, agentes do progresso social, é a última esperança.

Depoimento publicado na Letras em Revista do Instituto de Ciências Humanas e Letras/UFG, v. 1 n.1/2 jan./jun. 1990.