Lic. Intercultural - 4 - Justificativa do Projeto
Licenciatura Intercultural 4 - Justificativa do Projeto A formação superior de professores indígenas em diferentes áreas do saber é condição básica para a melhoria da qualidade da educação escolar nas comunidades indígenas. Em Goiás, por exemplo, apenas uma professora cursou o ensino superior, sendo que os demais têm o ensino médio ou só o ensino fundamental. Desses, apenas dois fazem o Magistério Indígena no Estado do Tocantins. Os outros não possuem formação necessária para desenvolver em suas comunidades um ensino de acordo com a especificidade e os anseios de seus povos. Na maioria das escolas indígenas brasileiras, o ensino da 5ª a 8ª séries está sob a responsabilidade de professores não-índios. Muitos deles, se não todos, não têm formação para exercer o magistério de acordo com a realidade sociolingüística e cultural desses povos. Normalmente, nessas séries, a atuação dos indígenas se dá somente como professores de línguas maternas, mesmo assim, sem que saibam o quê e como trabalhar. Em Tocantins e Maranhão, essa realidade não é diferente. No Tocantins, segundo dados da Secretaria de Educação, dos 195 professores em exercício, 58 são não-índios, que atuam de 5ª a 8ª séries e no ensino médio. A mesma situação se repete no Maranhão, que embora tenha no seu quadro 200 professores com Magistério Indígena, nenhum desses prosseguiu seus estudos. É bom lembrar que nesse Estado a população estudantil indígena é de 10.891. No Tocantins é de 3.791. Muitas vezes os jovens saem de suas aldeias para cursarem o ensino médio e passam a enfrentar nas cidades todos os tipos de problemas: preconceitos, droga, miséria, etc. Poucos são os que conseguem um resultado positivo. Torna-se necessário e urgente, portanto, implantar o curso de licenciatura para que os professores indígenas tenham oportunidade de prosseguir seus estudos e para que se possa garantir aos jovens indígenas uma educação de qualidade: uma educação que não se limite apenas na inserção dos indígenas no mercado, mas que proponha a esses o manejo de conhecimentos universais, o acesso ao bem-estar, à saúde, à defesa do território, de seu patrimônio cultural, com sua conseqüente valorização, simultaneamente à promoção de condições econômicas que garantam a sobrevivência cultural e física dos indígenas.
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