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Palestra sobre Reduplicação morfológica na língua Kwazá

Evento

: Faculdade de Letras

: 17 de Agosto 2009 - 21h às 21h

Este evento está associado às atividades do Grupo de Estudos "Lingüística Tipológico-Funcional Aplicada ao Estudo de Línguas Indígenas"

 

 

Este evento está associado às atividades do Grupo de Estudos "Lingüística Tipológico-Funcional Aplicada ao Estudo de Línguas Indígenas"

 

Data, local e horário:

Terça-feira, 18 de agosto de 2009  
das 12h30 às 13h30, no 
Mini-Auditório Professor Egídio Turchi

Palestrante:

Dr. Hein van der Voort 
Radboud Universiteit Nijmegen / Museu Paraense Emílio Goeldi
 
Sobre o autor: Hein van der Voort é um linguista formado na Holanda e Dinamarca, que trabalha atualmente na Universidade Radboud em Nijmegen, Holanda. Desde 1995, faz pesquisas de campo em aldeias indígenas em Rondônia, ligado ao Museu Paraense Emílio Goeldi em Belém do Pará, como Pesquisador Visitante. Tem feito estudos descritivos, históricos e teóricos sobre as línguas Kwazá (isolada, 25 falantes), Aikanã (isolada, 175 falantes), Arikapú (Macro-Jê, 1 falante). Com esses trabalhos van der Voort pretende contribuir para a preservação da diversidade lingüística de Rondônia.

Tema:
 
Reduplicação morfológica na língua Kwazá

Hein van der Voort
Radboud Universiteit Nijmegen / Museu Paraense Emílio Goeldi

        Reduplicação é um fenômeno observado quase universalmente nas línguas do mundo. Geralmente é considerado como um processo morfológico que envolve a repetição de palavras ou partes de palavras. Na maioria dos casos, a reduplicação representa uma estratégia derivacional e, às vezes, flexional, para a expressar ênfase, repetição de eventos, aspectos verbais, tais como progressivo, freqüentativo, habitual etc. Nas línguas indo-européias, a reduplicação não tende a ser muito produtiva, e ocorre em expressões intensificadoras, como em Português sim, sim;  já, já; logo, logo e expressões deverbais como corre-corre, vira-vira, pinga-pinga, etc. Em outras línguas podem ocorrer padrões de reduplicação mais elaborados. Por exemplo, as línguas austronésias são famosas pela reduplicação, entre as quais o malaio, onde o plural é indicado por reduplicação, como em anak ‘criança’ vs. anak-anak ‘crianças’. No tagalog o padrão é ainda mais complexo, como em sulat ‘escrever’ vs. su-sulat ‘vai escrever’ (FUTURO) vs. mag-sulat-sulat ‘escrever de vez em quando’ (DISTRIBUTIVO). Também em várias línguas indígenas amazônicas encontram-se processos bastante produtivos de reduplicação. Em todos os casos, trata-se de repetição de unidades fonotáticas (palavras, sílabas, moras). Em Kwazá, uma língua genealogicamente isolada de Rondônia, também se encontram esses padrões conhecidos de reduplicação, que indicam ênfase e aspectos de iteratividade, progressividade etc. Além disso, o Kwazá nos mostra um outro tipo de reduplicação, que é determinado por fronteiras morfêmicas. Nessas expressões, morfemas presos flexionais de pessoa são repetidos para expressar futuro, futuro remoto e habitualidade de eventos. Representam um tipo de reduplicação, por meio de repetição de unidades morfológicas, que até agora não foi encontrado nas demais línguas do mundo.