Proj.Ped.3.Objetivos-Gerais

Projeto Pedagógico

3. Objetivos Gerais

 Esta proposta tem como pressuposto a afirmação de Fiorin (2001, p. 13) que sustenta: “A escola deveria [...] ter como objetivo primordial não o fornecimento de informações, mas a organização de sua compreensão. Assim, o processo educacional deveria ser fundamentalmente formativo e não informativo”. Esse argumento, aliás, coincide com o que estabelece o Plano Nacional de Graduação (PNG), elaborado pelo Fórum de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras (2002, p. 10):

 [...] a graduação necessita deixar de ser apenas o esforço da transmissão e da aquisição de informações para transformar-se no ‘locus’ de construção/produção do conhecimento, em que o aluno atue como sujeito da aprendizagem.

 

 

Desse modo, este projeto baseia-se numa concepção formativa que traz como objetivo a atitude investigativa do aluno diante da língua e da literatura.

Pretende-se levar o aluno a observar o fato lingüístico e literário, a identificar um problema e analisá-lo, descrevê-lo ou explicá-lo, por meio de elaboração de hipóteses para a sua possível solução. Para tanto, o aluno é introduzido em teorias lingüísticas e literárias que possibilitem a busca de conhecimento novo e não a reprodução do já sabido. Assim, afirma-se a função da universidade como produtora de conhecimento e como co-responsável pela busca de soluções para as questões sociais do País.

Reitera-se o que prevê a resolução CCEP nº. 329, de 28 de fevereiro de 1992 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 1993, p. 3), que fixava o currículo pleno do curso de Letras (atualizado em 1997), no seu artigo primeiro:

 

Art. 1º __ O Curso de Letras propiciará a formação do aluno nas diversas habilitações, e terá os seguintes objetivos:

1) promover o desenvolvimento da capacidade intelectiva, através da linguagem;

2) proporcionar a prática da linguagem, em todos os níveis;

3) revelar o ser humano e seu mundo através da experiência com o universo ficcional, levando à conscientização e à humanização;

4) despertar e aprimorar a percepção estética;

5) preparar para uma atuação consciente na escola de 1º e 2º graus;

6) possibilitar atitudes de pesquisa pela análise crítica das teorias vistas na relação da ciência com a sociedade.

O quadro conceitual do Projeto de Formação, constante da referida resolução (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 1993, p. 12-13), conforme já antecipado, é igualmente reiterado, em sua grande parte:

A linguagem, nesse sentido [apreendida através da diversidade das línguas e da produção literária], deve ser entendida como uma capacidade complexa, própria da espécie humana. Essa capacidade implica, ao mesmo tempo, processos cognitivos e atividades simbólicas, relacionando-se com a representação do real, com as estruturas do inconsciente e com o imaginário.

Tendo em vista essa complexidade, os estudos referentes à língua portuguesa, às línguas estrangeiras e às literaturas deverão concorrer especificamente para que o aluno de Letras compreenda os princípios fundamentais relativos a natureza e funções da linguagem, bem como aos fatores que intervêm na atividade, manifestação e desenvolvimento lingüístico – “aquisição de linguagem”. Esses estudos, de forma geral, deverão concorrer para uma maior compreensão da natureza humana, para o desenvolvimento da capacidade intelectiva e criativa do aluno e, conseqüentemente, para o desenvolvimento social.

Quanto aos princípios sobre a natureza da linguagem, destacam-se aqueles que a relacionam com diferentes aspectos: fisiológicos, psíquico/cognitivo, social, cultural, histórico, estético e ideológico. Esses aspectos, intrinsecamente associados, deverão ser vistos na perspectiva da linguagem em uso, sem contudo excluir a abordagem de propriedades estabelecidas pelas diversas teorias elaboradas a respeito.

São múltiplas as funções da linguagem e, levando em conta o enfoque proposto, assim como a delimitação da área de domínio, postula-se a função comunicativa (em sentido amplo) como primordial: é a linguagem que possibilita a realização do indivíduo como ser humano, permitindo-lhe construir, elaborar e transmitir o pensamento. A linguagem permite-lhe, ainda, manifestar as emoções (função estético-expressiva), e construir sua identidade através da consciência de existir no mundo na relação com o outro.

Em decorrência dessa conexão com o extra-lingüístico, os fatores que intervêm na atividade da linguagem referem-se à utilização do código oral e escrito, implicando a produção, recepção /compreensão, bem como a situação de comunicação que engloba o grupo, o local, o tópico e os objetivos comunicativos.

[...].

 
              Assim, espera-se cumprir com o que determinam as Diretrizes curriculares para os cursos de Letras (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001a):

Considerando os diversos profissionais que o curso de Letras pode formar, os conteúdos caracterizadores básicos devem estar ligados à área dos Estudos Lingüísticos e Literários [...] [que] devem fundar-se na percepção da língua e da literatura como prática social e como forma mais elaborada das manifestações culturais.

 

          Tem-se consciência, porém, de que o aluno, muitas vezes, “chega ao curso superior sem dominar a norma culta da língua portuguesa, em sua modalidade escrita, e, no caso de línguas estrangeiras, sem ser nem mesmo capaz de ler textos” (FIORIN, 2001, p. 18). Por essa razão, seja por meio de disciplinas obrigatórias ou optativas, são previstos conteúdos propedêuticos que enfatizam, na língua portuguesa, a prática da produção escrita e da leitura e, nas línguas estrangeiras, a prática da produção e compreensão escrita e oral, a fim de possibilitar o aprofundamento desses estudos no decorrer do curso.

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